Vamos voltar a 1993, tinha eu 11 anos e uma inocência musical desmesurada. Passava tardes frias de Inverno de volta dos meus puzzles de 1000 peças e pouquíssima vontade de estudar ou fazer o trabalho de casa. Tempos peculiares, marcados pelo ecletismo musical que me assolou. Se havia algo que era comum a essas sessões de ócio, era a música. Nessa altura a música era para mim uma mancha muito grande e perversa, confusa até. Por influência directa da minha Mãe (ou talvez não, dado que o CD foi desviado da estante como quem não quer a coisa) o primeiro CD que ouvi de ponta a ponta, e posteriormente vezes sem conta, foi o Greatest Hits 2, dos Queen. Lembro-me também de ter uma cassete gravada com músicas da Radio Cidade, muitas delas espelho duma adolescência vivida nos anos 90. Tinha Take That, tinha Scatman John, tinha Ugly Kid Joe, tinha 20 Fingers e tinha Metallica entre muitas outras. A música de Metallica que tinha era a Enter Sandman e "sabe Deus" quantas vezes a ouvi. E tudo isto para chegar onde? Ao tal outro CD que um dia pedi emprestado à minha Mãe e nunca devolvi, o albúm epónimo dos The Doors. Não foi um disco que me tivesse marcado de inicio, com músicas de 7 e 11 minutos, há discos que oferecem melhor digestão, mas sim um disco que cresceu comigo e isso porventura explica o motivo de eles significarem tanto para mim como inspiração nos dias que correm.
Hoje decidi rever o filme do Oliver Stone (acima, caso não tenham dado conta) que comprei por £3 há umas semanas enquanto passava de soslaio pela HMV. Lembro-me de ver este filme em tenra idade, longe dos 18 que vinham assinalados com um fundo redondamente vermelho na parte traseira da cassete VHS. Foi bom rever o filme dado que não me lembrava de muitas cenas e episódios que lá ocorrem. Claro que me soube bem esta revisão, é de aplaudir a genialidade do Val Kilmer como Jim Morrisson. A recriação dos concertos e ambientes está soberba. A história está medianamente bem contada mas para qualquer fã ávido de Doors não sabe a mais que um pequeno pires de tremoços com um copo de Coca-Cola fresca numa qualquer esplanada Lisboeta em pleno Verão, ou seja, a pouco. Pelo menos quando se poderia ter tido mais. O Oliver Stone conseguiu fugir à realidade e manchar o filme com a sua não pouco habitual (Nixon?) mania de se deixar levar pela veia artística. Apesar de casos pontuais, o facto é que existem e impedem que o filme tenha mais qualidade factual. Hoje em dia considero os The Doors uma das melhores bandas de Rock dos anos 60 e que marcaram todas as gerações que se seguiram, incluindo a minha. É todo um sentimento que não me deixa indiferente e uma fonte de inspiração certa, para o que seja. Se formos a ver bem, já há quase (quase!) 20 anos que os oiço. Adoro a irreverência do Morrisson e a força escura das letras que nos deixou, vibro com a energia do orgão do Manzarek e com a composição (destrambelhadamente genial) daquelas músicas com mais de 5 minutos. Para mim são as melhores, para mim são os The Doors no seu máximo expoente. Deixam-me saudoso de uma era em que não vivi. Enfim... poderia continuar por horas, disco por disco e música por música mas acho que vou deixar isso para outra altura. Quando a música acabar, apaguem as luzes.
Só a titulo de curiosidade e para aqueles que passam tantas horas em frente a um ecrã como eu, o actor que faz de John Densmore (o baterista dos Doors) é, nem mais, nem menos, o Drama do Entourage. E esta, hein?
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
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